segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Música clássica

A música ecoa pela pequena sala. Já é tarde e todos se foram. Posso sentir cada nota de Johan Pachelbel voando em torno de mim. Fecho os olhos e me recordo de pessoas importantes que passaram e ainda estão na minha vida. Pessoas que estarão para sempre ao meu lado, nessa ou em outras vidas que por ventura possam existir.

Penso nele, que tanto amo e que me apóia em todas as circunstâncias e que é minha principal razão de viver. Nas duas amigas engraçadas e parceiras que falam de sexo e que dão comigo as gargalhadas mais gostosas. No amigo com olhar sincero e sorriso sempre aberto que me faz rir nas horas de maior tristeza. No rabugento que me dá os conselhos mais sensatos e que considero como um segundo pai. Nas duas amigas da adolescência de quem jamais deixarei de amar. No amigo grande que tem o coração ainda maior. Naquela que mora longe, mas que está sempre perto em pensamento. Nos dois que cresceram comigo e que mesmo cheios de defeitos são minhas jóias raras. Nas duas meninas que vi nascer e que são a luz dos meus dias nublados. Nela que os cabelos brancos são escondidos com infinitas camadas de tinta e que do jeito torto é meu alicerce. Na outra que me viu passar por muitos sofrimentos e nunca deixou de me estender a mão. Neles que me puseram no mundo e que se foram cedo demais.

A peça Canon em Ré Maior de Pachelbel continua tocando alto. Ao invés de lágrimas, um sorriso discreto e genuíno brota no meu rosto.

Não sou nenhuma entendida em música clássica, mas algumas tem o dom de me fazer querer ser cada vez melhor. Elas me emocionam pela delicadeza e precisão em que são tocadas. As pessoas especiais que fazem parte da minha vida são como músicas clássicas, impossível de serem esquecidas e fácil de serem amadas.

Johan Christoph Pachelbel
http://www.youtube.com/watch?v=DZHw9uyj81g&feature=PlayList&p=CB4987BA8A1A5FAD&index=1

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Cansei! Preciso chorar.

Cansei de dizer que não! Eu preciso sim chorar. Eu tenho uma necessidade imensa de sentir lágrimas insistentes escorrendo pela minha face. Não me importa a felicidade que o amor me causa. Eu preciso sentir toda a nostalgia e toda a dor que o próprio amor provoca. Se eu vivesse sem chorar, perderia toda a sensibilidade pela vida. Deixaria de contemplar o pôr do sol, de apreciar uma criança brincando ou de me fascinar com os pingos de chuva batendo contra o vidro da janela.

Eu preciso chorar para me emocionar com uma flor, sentir a brisa do mar, deitar na relva e contemplar o céu azul, para admirar as estrelas e sorrir para vida. Preciso chorar para me sentir sozinha e para que minha alma entre em verdadeira comunhão com meu corpo.

Preciso chorar para que as palavras sejam substituídas por sentimento, para respirar e me sentir viva. Preciso chorar para amar e preciso amar para poder chorar. Só assim é possível que eu viva minha vida na sua verdadeira essência.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O futuro

Ela caminha pelas ruas quentes da cidade sob o céu azulado de mais um dia comum. Enquanto ouve uma música qualquer, sonha com o futuro almejado. Pensa como seria a vida lá.
Ela se contentaria com qualquer lugar tranquilo, com árvores, com rascunhos de canções, com livros, poesias e com sonhos pequenos ou grandes, mas com sonhos.

Ela estaria feliz com a união de duas vidas em uma só. Sem a pressa de ter que provar para alguém seus anseios, seus objetivos e tudo que está envolto nisso.

Ela imagina as crianças correndo, os carros passando, a liberdade de escolha, sem máscaras, sem hipocrisia, sem ideias pré-concebidas. E por mais que essa liberdade lhe pareça estéril, ainda assim lhe agrada bastante. Com os olhos quase fechado, como se sua alma estivesse fazendo força, ela torce para que esse futuro chegue logo.

Já na varanda de sua pequena casa ela desenha, sem muito talento, as possibilidades do amanhã. Não que seja vidente, mas vislumbra seus mais intensos desejos. Os pensamentos sem forma misturam-se com a fumaça que sai da xícara de café deixada cuidadosamente ao seu lado.

O delicado frio da noite que se aproxima chega até ela com a brisa leve do fim de tarde. Pega com cuidado a xícara quente de café e bebe um grande gole. O calor foi embora.

Ela sabe que independente de qual seja o futuro, que ele sirva para fazê-la sempre ainda mais forte.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A magia de um sorriso

Há algumas coisas que marcam a vida. Geralmente são fatos simples, ignorados por muitos no momento em que ocorrem, mas que em longo prazo fazem uma grande diferença. São acontecimentos que de vez em quando invadem o coração e ocupam a memória quando me se espera. Coisas que perseguirão pelo resto da vida, como, por exemplo, um sorriso.

Há alguns anos ela sorria constantemente pra mim. Um sorriso radiante que deixava minha vida cheia de luz. Um sorriso de corpo inteiro que inundava de amor e tranquilidade minha inocente existência. Nada era melhor do que aquele sorriso intenso vindo como um raio em minha direção.

Mesmo diante das tempestades mais fortes, do medo mais amedrontador ou da dor mais sofrida, o sorriso dela permanecia ali, imutável. Era como se nada pudesse tirar aquela alegria contagiante de viver, aquela vontade de ser feliz acima de tudo.

Um dia ele se foi. Por muito tempo sofri pela falta que me fazia. Hoje eu me olho no espelho e sei que apesar de não poder vê-lo, o sorriso dela permanece comigo. Eu sinto, assim como sinto seu perfume e o toque leve de suas mãos através do vento, que ele continua ali ainda, dentro de mim, guardado no espaço mais especial do meu coração.