sexta-feira, 18 de junho de 2010

Infinito

No infinito da minha mente existe um abismo onde caio e me perco. Passo muito tempo à procura de saídas. E fico por horas perdida em mim. Penso que de nada importa os meus pensamentos sem que eu enxergue o mundo inteiro. E cada vez mais tenho certeza de que o movimento das pessoas no meio da rua, a voz de alguém que chama alto por outro, a vida em pedaços contada em linhas de texto e de palavras gastas e tudo o mais que não consigo descrever é exatamente o que guardo para mim como o mais belo, mais simples e mais importante. Então desfaço a mistura de imagens que me prendem a mim e fico assim, sentada em qualquer lugar, há espera de entender o infinito.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Tudo

Não há espaço
nem parque
nem rua
nem hora.

Não há tempo
nem arte
nem história
nem traço.

Não há café
nem abraço
nem silêncio.

Não há nada.

Só um intenso nada
repleto de tudo.

sábado, 5 de junho de 2010

Para quem virá

Eu me permiti imaginar o momento da tua chegada. Aquele dia posto entre o sublime e o mais terrível tempo. E de tanto imaginar, já até consegui ouvir teu riso alto.
Na minha casa, e nas paredes dela, estaria escrita a minha vida para que já pudesse saber de mim desde antes. Na minha cama estaria deitado o meu abraço e o mergulho fundo de mim mesma. Minhas mãos escolheriam uma parte do teu corpo para morar e eu já posso até sentir o cheiro dos teus cabelos e ver a cor da tua pele, morna.
Já ouço nossas conversas na madrugada e nossos olhos úmidos e eufóricos, sempre a procura um do outro e já sinto nossos braços nervosos entrelaçados, muito depois da escuridão do quarto. Vejo aquela manhã seguinte, em que um segundo antes de acordar duvidaríamos da vida ter mesmo se tornado sonho. Eu vislumbro teu sorriso pousado na alma ao prever todas as manhãs que viriam.
Vejo aquela alegria simples e cômoda que tem cheiro de bolo feito na hora e café preto. E vejo a vida que ganha finalmente o sentido que sempre pensamos que devesse existir. Vejo a sensação de pertencer inteira e de ser aquela que tem o outro resgatado de todo o resto do mundo. E só por ver essas coisas, aqui dentro e em nenhum outro lugar, sei que assim será, pelo tempo que tiver que ser.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O que é solidão

"Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo. Isto é carência!
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar. Isto é saudade!
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes para realinhar os pensamentos. Isto é equilíbrio!
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente. Isto é um princípio da natureza!
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado. Isto é circunstância!
Solidão é muito mais do que isto. É quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma".

Trecho de uma entrevista do Chico Buarque onde ele define o que é solidão.