sábado, 16 de outubro de 2010

E o pra sempre sempre acaba

Foi como abrir a porta e dar de cara com o nada. Nem notou que o local onde estavam era o mesmo da tarde ensolarada em que tudo começou. Era como estar lá sem perceber ou ser percebido. Todos aqueles anos se resumiam em uma pequena sacola com objetos pessoais que ela entrega com um olhar sem brilho.
Ele tenta puxar um assunto qualquer para tornar o momento menos pesado. Ela responde. O assunto morre. Olhar sem foco. Pronuncia então algumas frases previamente ensaiadas e se sente ridículo assim que termina. Dá um sorriso meio sem graça, completamente diferente daqueles que trocavam nos momentos de cumplicidade. É assim quando tudo acaba.

- Te ligo uma hora dessas, ela fala.
- Tudo bem, ele responde sem expressão alguma.

Ele sabe que essa ligação não virá e se sente esquisito por não se importar com isso. Dá um abraço formal nela, sem se excitar com a proximidade com os fartos seios que encostam no seu peito. Não consegue mais pensar em nada. Entra no carro e simplesmente dirige apressado para qualquer lugar.
Aquilo que começou em uma tarde quente de verão, terminou naquele instante nublado e cinzento de uma estação qualquer. Os pensamentos dele voltam. Amores no fim são todos iguais. Começam alegres em um belo dia de sol e acabam tristonhos em uma hora qualquer. Tudo bem, ele reflete. Amanhã será domingo e o tempo estará leve outra vez.

(Trecho de um conto que estou rascunhando)