quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Molhando

A chuva caía em grande volume na noite escura.
O calor virou frio e o sorriso lágrima.

A chuva caía sobre meus olhos cansados de ver injustiças. Com intensidade e harmonia, como uma grande orquestra, ela chegava aos meus ouvidos cansados de ouvir reclamações.

A chuva molhava sem piedade todo o meu corpo que gritava por liberdade.Era o milagre da natureza que se dava enquanto as águas escorriam límpidas pelos meus pensamentos que voavam sem rumo pela rua.

Já era tarde, muito tarde.

Enquanto eu pensava, via admirada, mas não com vergonha, meu corpo à mostra através da camisa branca colada a pele. A sensação era de liberdade nessa extraordinária comunhão com a terra.

Meus cabelos molhados desceram até meus ombros deixando evidente uma feminilidade sensual que desconhecia. Minha boca bebia daquela água que caía do céu e encharcava além do meu corpo, minha alma.

Elevei minha cabeça ao céu e tudo se desfez. O mundo real retornou. E já não chovia mais. Porém dentro de mim, uma tempestade de reflexões trovejava na minha mente e relampeava no meu coração.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Palavras

Deslumbram-me as palavras e a sua frágil consistência. Me dão vida o ar humilde que aparentam quando encaram a minha impertinência e sentimentos mais profundos.

Uso-as como quem percorre a casa, a sala, a cozinha. Somos amigas desde sempre. Desde um tempo em que tudo é muito vago e a vida era outra. Não existe entre nós qualquer reserva. Somos simplesmente amigas.

Por vezes, uma ou outra rebela-se e avança como se me julgasse alheia a sua imanente dignidade. Mas logo voltamos ao convívio cúmplice. Não há como haver distanciamento permanente entre nós. Nada do que ocorra anula o pacto que muito cedo firmamos, mútuas escravas que somos.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Com a brisa

É tarde, será onde estás?
O silêncio se faz presente e em que será que pensas?
Chega aqui um vento frio e o que será te aquece?
O céu é pintado de escuro e com o que será que sonhas?
A noite fica triste e o que será que te anima?

Eu aqui…

É em ti que penso.

É a tua memória que me agasalha!
É com o teu beijo que sonho!
É o nosso reencontro que me alegra!
E é contigo que estou!

Não sentes?

Cheguei até aí com a rapidez de uma brisa leve de chuva, somente para sussurrar que te amo.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Te quero

Dia desses fiquei por muito tempo te olhando dormir. Desejei naquele instante que os ponteiros do relógio que estava no criado mudo quebrassem para eu poder congelar para sempre aquele momento de total intimidade. Desejei ficar presa. Presa em um calendário infinito, de acesso restrito. Relembrei que desde o primeiro olhar eu soube que te levaria comigo para o resto dos meus dias.

Às vezes a gente tenta criar maneiras para viver melhor, mas nada se compara ao "você e eu" que somos nós dois juntos, independente de tudo. Não há fronteiras que possam calcular o tamanho do amor e não há lugares em que se possa proibir o encontro de pensamentos traduzidos pelo olhar. Não há como perder a razão mais insana que são os teus movimentos ou o teu silêncio diante de mim.

Te quero de mal humor ou sorrindo, triste ou alegre, acordando pela manhã ou dormindo em sono profundo. Te quero nas dificuldades ou nas vitórias, depois do banho ou depois do trabalho, na leveza do verão ou no aconchego do inverno.

Te quero como se fosse o último dia de nossas vidas, onde o tempo sempre resta e a hora sempre é certa e principalmente quando a física afirma que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço.