quinta-feira, 15 de maio de 2008

Diários

Há muito tempo deixei de ter diário. Houve uma época na minha vida em que os diários me mantinham. Sim, porque eu vivia iniciando-os para abandoná-los alguns dias depois. Não sei dizer por que abandonei aquelas honestas tentativas de pôr em palavras minha sempre confusa realidade.

Aquela era uma necessidade imperiosa em mim. Eu vivia a reboque da necessidade de criar algo grandioso, fosse na forma de diário íntimo, fosse na ficção que surgisse aleatória de dizer alguma coisa. E sempre que iniciava algo, referia-me à tentativa frustrada do passado. Era um círculo vicioso. E improdutivo.

Hoje me encontro numa situação inusitada em minha vida. Pela primeira vez estou escrevendo em um lugar onde meus pensamentos podem ser acessados por todos, sem restrição. Não é ainda a condição de escritora profissional, mas ainda assim me traz uma boa sensação. Não me importa se quem lê goste ou não. O que me interessa é que aqui posso cuspir minhas aflições, alegrias, frustrações sem temores e de maneira livre.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Quando eu morrer

Quando eu morrer não quero lágrimas nem tristeza. Não quero velório nem músicas fúnebres. Não quero coroas de flores, caixão de luxo ou velas acesas. Não quero que falem de mim como uma santa que não tem pecados.

Quando eu morrer, vou ter vivido tudo o que sempre quis viver. Terei viajado pelo mundo, conhecido os melhores amigos e o que realmente é a amizade. Terei tido a chance de fazer o bem para várias pessoas e me sentir digna por essas atitudes. Terei conquistado o topo profissional e sentirei orgulho de mim. Terei lido livros interessantes, ouvido todas as músicas que me agradam, sentido todos os medos, mas me arriscado sempre, vivendo intensamente cada segundo.

Quando eu morrer, terei derramado todas as lágrimas necessárias e sorrido sempre que possível. Vou ser importante para algumas pessoas e outras nem saberão da minha existência. Terei a certeza de que vivi tudo, pois faço de cada dia da minha vida o último, assim não me arrependerei de nada e não me sentirei triste por ter deixado de fazer algo.

Quando eu morrer, não quero que sintam pena de mim. Estarei feliz, pois em vida, conheci o amor. Quantas pessoas passam toda a existência em busca disso e vão embora sem nunca ter experimentado o sabor doce de amar e ser amado. Quando eu partir, lembrem de mim como a mulher que amou e viveu, não como aquela que apenas passou pelo mundo sobrevivendo à ele. Partirei com a certeza de que não sou e nunca serei perfeita, mas que sentimentos verdadeiros sempre habitaram o meu ser e assim será por toda a eternidade.

Casa fechada

Maio chegou com o frio costumeiro dessa época do ano. Sensação de aconchego na casa fechada. Fechada contra o frio, fechada contra o mundo.

Como se fechada, eu pudesse paralisar o implacável tempo que corre através de nós. Vontade de paralisar o meu amor e o seu sorriso puro. Sua graça, sua ternura, seu carinho por mim.

Vontade de viver sempre assim, feliz com ele, que é minha retaguarda, meu porto seguro, contra o frio e contra o mundo.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Um anjo em minha vida

Era tudo tão calmo, tão tranqüilo. O som do silêncio, a meia-luz. Tudo tão leve. Perto de mim, o calor de um anjo me aquecia, corpo e alma. Eu sabia que não estava só. Que aquele anjo estava ali e me protegia. Eu não podia vê-lo, mas podia sentir o toque de suas mãos.

Onde quer que eu estivesse aquele anjo estaria comigo. Era uma certeza. Mas havia outros anjos, não tão próximos no espaço, mas que eu podia sentir da mesma maneira, sorrindo, olhando por mim, pensando em mim naquele momento. Anjos do céu e da terra. Do presente e do passado. Eu os sentia como sendo eles, como vindo deles a paz que habitava meu espírito. E eu não queria mais nada naquele momento a não ser aquela paz.

Não esperava mais nada da vida a não ser aquela sensação de harmonia. Para onde quer que fosse eu queria levar aquele sentimento comigo. Queria guardá-lo como um bem. Que ele nunca me abandonasse, nunca saísse de mim. Que me acompanhasse por todo o infinito.

Abri os olhos, olhei para o teto branco do meu quarto e senti um ar de paz circulando pelo ambiente. Levantei tranquilamente, fui até o varal, peguei minha toalha e fui para o banho com a certeza de que aquele anjo que estivera no meu sonho permaneceria comigo para o resto dos meus dias.